Hoje, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. É um dia que as feministas relembram – mais uma vez! – uma coisa necessária para tornar a Revolução Sexual completa: o aborto.
Nós sabemos que as feministas dizem por aí que aborto é questão de saúde pública. Mas, perguntar não ofende: que conceito de saúde pública engloba o término de uma vida que acabou de ser gerada?
As feministas dizem que o aborto deve ser legalizado porque mulheres pobres e negras não possuem condições para manter ou criar filhos. Dizem ainda – pasmem! – que a legalização do aborto seria uma forma de justiça social, uma vez que a mulher branca e rica pode pagar por um “aborto seguro” (aquele raciocínio clássico do progressismo de desejar reivindicar igualdade sobre qualquer coisa, inclusive sobre o que há de pior).
Aqui exponho dois comentários sobre o tema:
– o primeiro comentário: estimar que uma mulher pobre e negra não pode criar filhos em razão de sua condição socioeconômica não é cuidado ou saúde pública; o nome técnico disso é eugenia. Em português inteligível, as feministas estão dizendo que é melhor que bebês negros e pobres deixem de nascer porque são negros e pobres. Margareth Sanger, educadora e enfermeira feminista, estaria absurdamente orgulhosa de ver seu projeto eugenista iniciado no começo do século XX ser defendido com uma estampa de pureza, alta moralidade e justiça social;
– o segundo comentário: as feministas acham que o Sistema Único de Saúde (SUS) não é capaz de ofertar integralmente métodos contraceptivos clássicos e econômicos, mas elas juram que o SUS será capaz de bancar, para todas, um procedimento absurdamente mais invasivo e arriscado. O SUS é custeado por dinheiro arrecadado de pagadores de impostos e esta que vos escreve – que é católica romana e ferozmente contra o aborto – não consegue achar uma razão qualquer para que o contribuinte seja obrigado a financiar assassinatos de bebês. Por que a sociedade inteira seria obrigada a custear um procedimento que ofende o compromisso humano e a crença religiosa de milhões de brasileiros?
Mas é preciso retomar o que foi dito no início: saúde pública não é a verdadeira motivação para a defesa da legalização do aborto.
A verdadeira razão é: todos os métodos contraceptivos possuem uma taxa de falha (minúscula, mas existe). O aborto seria o método contraceptivo definitivo e infalível. As mulheres conquistariam, então, a tal paridade do comportamento sexual com os homens.
Do ponto de vista sociológico – e até legal -, não há nada que impeça uma mulher de ter uma vida sexual libertina. Mas ela tem uma consequência biológica que os homens não possuem: a gravidez. Não é à toa que vemos feministas mais radicais mostrando tanto ressentimento contra a natureza…elas podem até não gostar da realidade, mas ela existe!
Talvez muitos não tenham notado, mas quando as feministas vão às ruas protestar pela legalização do aborto, o alvo é sempre a Igreja Católica. Nossos símbolos são profanados, a Virgem Maria é ridicularizada e o Vigário de Cristo é achincalhado. Isso não é aleatório!
O debate sobre o aborto tem vários atores, mas os principais são: movimento feminista e Igreja Católica, sendo esta última a maior adversária da primeira.
Há um riso de ironia neste imbróglio: as feministas – assim como ativistas antirracistas e progressistas – dizem que a Igreja Católica é racista. Mas são as feministas que dizem que bebês negros e pobres não devem nascer porque são negros e pobres. E ainda chamam de saúde pública!
Dolores Grier, uma ativista negra pro-vida e católica romana dos Estados Unidos, disse o seguinte: “como presidente da Associação de Católicos Negros, acredito que o aborto seja uma arma racista de genocídio contra os negros. Foi lançado sobre as mulheres negras como uma solução para suas crises econômicas, confusão e preocupação.”
Segundo relatório publicado em 2022 pelo Center for Urban Renewal and Education, que utilizou como base os dados do United States Census Bureau e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) Relatório de Vigilância do Aborto, as mulheres negras representavam 15% da população em idade fértil em 2018, mas obtiveram 33,6% dos abortos relatados.
As mulheres negras têm a maior proporção de abortos do país, com 335 abortos por 1.000 nascidos vivos.
Porcentagens nesses níveis ilustram que cerca de 20 milhões de bebês negros foram abortados desde 1973.
Considerando o cenário acima, não há como não subscrever as palavras de Dr. Grier na íntegra. Só não vê quem está com olhos fechados: aborto é racismo; para o feminismo, vidas negras importam…menos aquelas que estão no útero.
Escrito por: Patthy Silva
Patthy é Comunicóloga, Católica Apostólica Romana, Pós-doutoranda em Sociologia (UFRJ) e trata de assuntos como relações raciais, educação e feminismo.
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