Quando falamos em regime ditatorial, perseguição do Estado a grupos específicos e genocídio, pensamos logo nos regimes fascistas, seja na Itália de Mussolini ou na Alemanha Nazista. E isso é verdade. Estes dois países são exemplos de como o Estado Totalitário perseguia minorias, propagava o medo e centralizava o controle econômico nas mãos do Governo. O Fascismo e o Nazismo merecem todo o devido repúdio.
Todavia, não se ouve falar na mesma proporção sobre os ideais socialistas/comunistas, que em sua origem marxista pregam – assim como os fascistas – violência, partido único, ditadura e consolidação do Estado como o agente que promove progresso econômico. O que se tem são pequenas e relevantes diferenças entre os ideais acima mencionados, mas que comungam da defesa do autoritarismo estatal, perseguição a opositores, etc.
O Socialismo e Comunismo presentes no mainstream e atualmente defendido por influenciadores são aqueles oriundos do pensamento de Karl Marx. Para maior entendimento dessa doutrina, trarei alguns trechos da própria obra do pensador, chamada de Manifesto do Partido Comunista e a partir daí levantarei algumas análises.
“A luta do proletariado contra a burguesia, embora, na essência, não seja uma luta nacional, toma, contudo, essa forma nos primeiros tempos. É natural que o proletariado de cada país deva, antes de tudo, liquidar sua própria burguesia”.
“Nesse sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: abolição da propriedade privada (burguesa)”.
E, por fim:
“A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade (…) o proletariado utilizará sua supremacia política para arrancar pouco a pouco todo capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado (…) isto naturalmente só poderá realizar-se, a princípio, por uma violação despótica do direito de propriedade e das relações de produção burguesas”.
Como se observa, o Socialismo e o Comunismo Marxistas entendem o regime democrático liberal burguês como a causa de todo mal aos trabalhadores modernos, visto que eles supostamente lucravam em cima do trabalhado do proletário, sem pagar-lhe um salário justo e consolidaram um sistema que impedia a ascensão social dos mais pobres.
Além disso, o marxismo prega a expansão do socialismo e futuramente comunismo para todos os países do mundo, em uma espécie de invasão a outras nações soberanas ou apoio financeiro e bélico para que as revoluções ocorram, como foi o caso do apoio da antiga União Soviética a regimes socialistas do século XX.
Em certa medida, faz sentido as críticas ao regime capitalista da época se levarmos em conta o contexto histórico, pois realmente existia trabalho infantil, altas jornadas de trabalho e a não igualização de direitos civis a toda a população, como a exclusão de mulheres na participação política e não reconhecimento da união homoafetiva.
Entretanto, para se buscar uma melhor qualidade de vida, expansão dos direitos sociais e uma reformulação do sistema, faz-se necessário criar organizações que amistosamente e de modo democrático promovam passeatas, manifestações e pressionem o governo para ceder às suas reivindicações. Foi assim, inclusive, que conseguimos o voto feminino, fim da escravidão e tantas outras conquistas.
Para além desse erro, Karl Marx também não previu que o Liberalismo e Capitalismo se modificariam e trariam avanços para os quadros sociais, econômicos e políticos dos países, desestimulando o povo a lutar contra o regime que também os beneficiaria. Isso é verdade, pois basta olharmos os dados que comprovam o aumento de renda per capita, produtividade, novos postos de trabalho gerados, serviços públicos ofertados pelo Estado e tantos outros.
Ainda, o marxismo prega a superação do capitalismo industrial e o fim do sistema vigente, a partir de um modo revolucionário e luta armada, tendo como um dos objetivos acabar com os direitos (ou “privilégios”) de uma parcela da população – os burgueses. Ou seja, assim como os fascistas, os socialistas e comunistas têm um inimigo e um grupo a ser eliminado, defendendo o uso da violência para tal.
Os marxistas compreendem que apenas com o povo trabalhador unido em prol de um bem comum e com a instalação de uma ditadura do proletariado é que far-se-ia possível uma sociedade justa e igualitária, em que ninguém teria direito de propriedade e que a produção não almejaria o lucro.
E, após a instauração desse Estado opressor e partido único que reformulasse a sociedade por meio de ações econômicas e educacionais, a longo prazo não haveria mais necessidade do próprio Estado existir; com isso, se criaria uma sociedade sem Estado e com o poder sendo distribuído entre todos. Esse é o Comunismo pregado pelo filósofo alemão.
Dessa forma, se percebe a falha da tese socialista e comunista, pois se baseia em ações violentas tomadas pelos operários e o fim de um regime democrático (mesmo que tivesse vários problemas), a partir da implantação de ditadura, expropriação de bens e perseguição a quem fosse contrário ao “regime popular”.
E, se analisarmos os principais países que aplicaram o Socialismo, em especial Cuba e União Soviética, eles adotaram exatamente as medidas preconizadas por Karl Marx no Manifesto e em outras obras, levando tais nações a uma deterioração econômica, social e causando perseguição e/ou genocídio contra alguns grupos, a exemplo da exclusão a cargos públicos, militares e entrada em universidades dos homossexuais em Cuba, além dos conhecidos paredões de fuzilamento contra eles e o genocídio soviético contra a população polonesa no ano de 1939, denominado como Massacre de Katyn – posteriormente admitido pela Rússia em 2010.
Ou seja, não só na realidade fática como também na teoria, o Socialismo e o Comunismo são terríveis para a humanidade e deveriam receber igual repúdio por parte dos intelectuais, políticos e sociedade civil.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
NEVES, Eduardo. Massacre de Katyn. Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/massacre-katyn.htm. Acesso em 06 de abril de 2023.
PRESSE, France. Rússia reconhece que a matança de Katyn foi ordenada por Stalin. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/russia-reconhece-que-a-matanca-de-katyn-foi-ordenada-por-stalin.html. Acesso em 06 de abril de 2023.
FREITAS, Ualisson Pereira. A traição do sexo: testemunhos da perseguição aos homossexuais em Cuba na obra de Reinaldo Arenas (1959-1990). Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/30234/1/Trai%C3%A7%C3%A3oSexoTestemunhos.pdf
Autor: Matheus Rocha de Almeida Ataide