A volta do Talibã e os direitos das mulheres
As cenas de desespero, na semana passada, retratam um povo clamando por ajuda.
Dados os fatos históricos, a situação é alarmante. Um povo e suas conquistas humanitárias dos últimos 20 anos está ameaçado. Mas uma situação que chama bastante atenção é o futuro das mulheres.
O governo fundamentalista islâmico tomou conta do Afeganistão no último dia 15 e, apesar do discurso de “bons moços”, acontecimentos mostram que os direitos das mulheres estão amaçados. Em julho, quando assumiram o controle das províncias de Badakhshan e Takhar, líderes religiosos locais receberam uma ordem para fornecerem uma lista de meninas com mais de 15 anos e viúvas com menos de 45 disponíveis para “casamento” com guerrilheiros talibãs.
Apesar de não se saber se a ordem foi cumprida, causou imenso temor entre as mulheres e suas famílias, tendo como consequência um desastre humanitário, com tantos habitantes da região fugindo das áreas tomadas pelo talibã. Nos últimos três meses, são mais de 900 mil pessoas deslocadas. Essas mulheres seriam oferecidas ao casamento para atrair mais militares.
Esse fato remete ao regime brutal de 1996 a 2001, quando as mulheres ficaram privadas de educação e emprego, forçadas a usar Burgas cobrindo todo corpo e rosto e obrigadas a sairem de casa sob supervisão de um “guardião”.
Violações as regras causavam punições absurdas, como prisão, tortura e até morte.
Ao impor a religião e utilizar da Sharia (lei islâmica aplicada pelo Alcorão), o Talibã faz uma politização da religião, negando um pluralismo até então aceito pelos muçulmanos liberais. A disputa pelo poder e pelo radicalismo prejudica uma sociedade que vinha em busca da sua liberdade. É inegável que a economia e a política seja mais uma vez o cenário para o retrocesso de uma noção.