A guerra fria entre o conservador e o tradicional versus o novo e revolucionário. Na última década, bancos tradicionais passaram a ser confrontados por um novo grupo que foi ganhando mais força graças aos avanços tecnológicos. As Fintechs surgiram com o objetivo de provocar mudanças em todos os ecossistemas financeiros e mudar a forma com que enxergávamos o papel dos bancos. Diante disso, restou aos bancos tradicionais combaterem os novos “adversários” ou dançarem conforme a nova música?
Economia digital: Fintechs e API’s
Ao analisar o mercado de economia digital e seus efeitos, é imprescindível falar sobre as Fintechs, que revolucionam o ecossistema financeiro. Essa denominação é produto da junção das palavras financial e technology, usadas para apontar o uso da tecnologia aplicada ao ecossistema de serviços financeiros, agregando valor e revolucionando o sistema bancário e financeiro mundial, com uma proposta aberta à inovação, foco na otimização dos recursos e no cliente.
A partir dos anos 1990, com o avanço da tecnologia digital e a criação do 3G um pouco depois, a globalização gerou uma conexão horizontal entre os países, abrindo caminho para a digitalização do sistema financeiro. Assim, através do uso de API’s – traduzido para o português, interface de programação de aplicativos -, as fintechs economizaram anos de trabalho em relação ao que seria feito em uma empresa tradicional ao otimizar esses recursos na construção de produtos para atender demandas da população que usufrui de serviços bancários que antes eram atormentadas por altos custos de entrega e burocracia dos produtos financeiros.
Segundo o icônico escritor e psicólogo Jordan Peterson, o ser humano está sempre buscando pelo caos, que, nesse contexto, pode ser considerado como novas maneiras de inovar e obter melhorias em seu cotidiano. Assim, um dos fatores primordiais para toda essa transformação no sistema financeiro foi a sede dos consumidores por novos produtos com preços mais competitivos e agilidade no dia a dia, levando os bancos – fornecedores desses serviços – a terem que se adaptar ao novo mercado, gerando oportunidades para o desenvolvimento de novas empresas no ramo. Aplicando o conceito de Tecnologia Social, por meio da reestruturação e facilitação de processos internos, houve a criação de plataformas digitais financeiras inovadoras que utilizam modelos em nuvem para apoiar o seu desenvolvimento, tendo como foco principal o cliente[MBP1] .
Em um edital publicado pela consultoria Capgemini, relatou-se que o banco do futuro será constituído em modelos de plataforma, transformando-se em um ecossistema de serviços. Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, um dos maiores bancos do mundo, mudou a cultura da empresa e, seguindo esta nova linha de raciocínio, afirmou que a instituição se tornou uma empresa de tecnologia, que presta serviços financeiros. Não obstante, a empresa vem fazendo aquisições de fintechs para imergir nesta nova onda e aumentar o leque de oferta de produtos para seus clientes, a exemplo da compra de 40% do C6 Bank, um dos principais bancos digitais brasileiros.
Outro exemplo disso é o Nubank, que, oriundo do inconformismo de um de seus fundadores ao ter uma péssima experiência bancária em 2012, revolucionou o mundo das fintechs criando um dos maiores bancos digitais do mundo. Esse banco aplica todo esse conceito de plataforma de serviços que busca facilitar a vida de seus clientes e, atualmente, a base de clientes do Nubank totaliza 48 milhões de pessoas: em termos comparativos, esse número representa quase 23% da população brasileira, ou seja, essas empresas estão realmente gerando um grande impacto e revolucionando o mercado bancário.
Fintechs de nicho
Seguindo a evolução do segmento, surgiram, também, as fintechs de nicho, as quais oferecem um atendimento personalizado para um determinado grupo de pessoas de forma mais eficiente. Ressaltando a presença de Tecnologia Social no ecossistema, muitas fintechs de nicho surgem com o intuito de atuar na inclusão, solucionar problemas sociais e atuar na emancipação de minorias. A Conta Black, observando o racismo estrutural presente no Brasil, e a presença de negros e excluídos no sistema financeiro, surgiu com a meta de incluir negros no setor bancário – através de contas digitais tanto para empresários quanto pessoas físicas -, auxiliando na liberdade financeira deste grupo, que possui grande parte ainda desbancarizada. Também existem contas para jovens, condomínios, empresas sem fins lucrativos, entre outras.
Introdução a chegada do Open Banking:
É inegável que toda essa revolução causada pela implementação de novas tecnologias na economia contribuiu para o processo de Open Banking, o qual busca promover a abertura do sistema financeiro, através do compartilhamento de informações interbancárias autorizadas pelo Banco Central, ressaltando o conceito dos bancos atuarem como plataformas de serviços diversos que permitem um maior escopo de produtos e independência de apenas um grupo de instituições financeiras.
Tendo em vista esses aspectos, podemos ressaltar o que uma vez foi dito por Mises: “Ideias, somente ideias, podem iluminar a escuridão”, a inovação desenvolvida através de ideias consolidadas contribui para iluminar a vida das pessoas que estão sendo beneficiadas por essas melhorias, caminhando para atingir a liberdade em vários espectros, no caso citado, trata-se da financeira.