Hannah Arendt foi uma filósofa política e socióloga alemã. Em outubro de 1925, chegava ao mundo a primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher. Era inegável a falta de participação feminina nos âmbitos em que ambas se dispuseram a atuar, seja na política ou na filosofia. Talvez, suas imponências reflitam a necessidade dessa postura nos espaços em que atuavam.
Arendt foi uma ferrenha crítica dos governos totalitários, sobretudo o nazismo e o socialismo stalinista. Especialista em analisar questões de poder, autoridade e violência, suas obras se caracterizam por análises profundas das condições humanas, bem como das estruturas políticas e sociais.
Enquanto Hannah se estabelece no mundo das ideias, Thatcher vive a prática política. Não é coincidência sua denominação de “dama de ferro”, haja vista que a política britânica era mais conservadora. Assumindo a presidência de seu partido, sendo fortemente associada ao neoliberalismo e ao conservadorismo econômico. Margaret é ovacionada por políticas que reergueram a Inglaterra, como a desregulamentação dos mercados, a redução do tamanho do Estado, a privatização de empresas estatais e as abordagens assertivas em relação aos sindicatos.
Um dos pontos fortes de Thatcher e Arendt é a abolição de governos totalitários. Ambas presenciaram a ascensão e queda de diferentes autoritarismos, da extrema esquerda à extrema direita. Contrárias a todos esses, elas se posicionaram em favor da liberdade, mantendo seus costumes. Hannah sempre foi marcada por contradizer até mesmo os que estavam do “seu lado”, enquanto Thatcher respeitava seus inimigos e opositores. Em posição de respeito, a primeira-ministra sabia conhecer sua oposição para, enfim, combatê-la. Por outro lado, Arendt não hesitava em contrariar até mesmo seus seguidores, impondo-se como forte defensora de seus ideais e costumes.
Duas fortes personalidades políticas, Margaret foi a primeira mulher a assumir a liderança do Reino Unido, enquanto Arendt é considerada uma das maiores filósofas e sociólogas que já existiu. Inclusive, é a única mulher a compor a grade curricular do ensino médio brasileiro nas matérias de filosofia e sociologia. Inegavelmente, tinham fortes personalidades. Afinal, seria impossível trilharem seus caminhos sem tamanha presença. As duas defendiam seus ideias e costumes a todo custo, não sendo intimidadas diante de oposições ou resistências. Mesmo não sendo feministas, tampouco valorizadas por elas como importantes mulheres, sendo consideradas antifeministas, é inegável suas contribuições para algumas questões de gênero, em campos até então dominados por homens. Uma pena não serem ressaltadas como fortes figuras femininas por movimentos feministas extremistas.
Em momentos históricos cruciais, a presença de Thatcher e Arendt se fez forte. Arendt vivenciou a ascensão e queda de governos totalitários (nazistas e socialistas), que influenciaram fortemente suas reflexões. Já Margaret comandou uma das maiores potências do mundo no pós-guerra, reerguendo seu Estado, revolucionando sua política e liderando sua ascensão na Guerra Fria e na queda do comunismo.
Imponentes como tais, que sejamos tão reflexivos e intelectuais como Arendt, além de respeitosos e honrosos como Thatcher.
Por Maria Rita Borges Fernandes.